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Fortes cólicas podem indicar endometriose

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença atinge 7 milhões de mulheres no Brasil


Por Carol Amorim - Algo Mais Consultoria e Assessoria


Desde muito nova, a população feminina e de pessoas que menstruam aprenderam que, durante o período menstrual, cólicas podem surgir. Porém, há casos em que as dores são muito intensas e, devido à normalização e minimização da dor, a descoberta de algumas doenças, como a endometriose, levam mais tempo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7 milhões de pessoas possuem essa doença inflamatória no Brasil. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos e oito mil internações de casos de endometriose foram realizados no Sistema Único de Saúde (SUS).


Um período após menstruar pela primeira vez, aos 11 anos, a estudante Pietra Alcântara, 22, passou a lidar com sintomas que fugiam do padrão do que se espera no período menstrual. Antes dos 14 anos, a jovem notou que seu fluxo era mais intenso e durava mais dias do que o de suas amigas. Ela também passou a sentir fortes cólicas, que nem mesmo com o uso de medicamentos e idas à emergência de hospitais resultaram em melhora. Foi a partir dessas vivências que a jovem buscou um médico especialista.


“Eu comecei com cólicas normais no ‘pé da barriga’. Depois as dores foram ficando mais intensas e em locais que minhas amigas ou parentes não sentiam. Comecei a sentir dor para urinar e defecar, dores em toda região pélvica, até mesmo fora do período menstrual. Por conta do sangramento excessivo, comecei a ter quadros de anemia. Sempre me sentia fraca e tonta, além de que tinha muita diarreia”, relata.


Abusos durante atendimentos


Foram necessários quatro anos para que Pietra finalmente descobrisse seu diagnóstico. Nesse período, ela chegou a ser consultada por sete médicos até, aos 18 anos, descobrir que estava acometida pela endometriose. Além da demora e dos sintomas, a jovem também teve que lidar com a falta de sensibilidade de alguns profissionais que a atendiam.


“Me diziam que era drama, que eu era fraca e intolerante a dor, que era uma dor normal e que eu deveria me acostumar. Realizava exames de sangue e ultrassom, mas nunca obtive um resultado que apontasse endometriose. Foi com 18 anos que fiz uma ressonância e a endometriose foi detectada”, conta.


Apesar dos percalços, Pietra ressalta que, atualmente, é acompanhada por um médico que a trata devidamente e que entende as particularidades da endometriose. Com o diagnóstico, a jovem passou a fazer uso de anticoncepcional específico para o seu organismo e a praticar exercícios físicos para potencializar o tratamento. Hoje em dia, ela garante: “Nunca mais precisei parar de viver porque estou sangrando”.


Mas afinal, o que é a endometriose e por que ela causa tanto desconforto?


Segundo a médica ginecologista e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Silvia Mara Gomes, a endometriose se trata de uma inflamação de células do tecido que reveste a parte interna do útero, também chamado de endométrio. Ela diz que entre as causas para essa doença estão o simples fato de menstruar e a cesariana.


“A dor menstrual deve ser investigada. Fortes cólicas podem indicar, além de endometriose, cisto do ovário, mioma e câncer do colo do útero. Toda mulher deve ir ao ginecologista pelo menos uma vez por ano. A consulta ginecológica visa a prevenção de uma série de doenças”, afirma.


Silvia Mara Gomes observou que as buscas por consultas médicas de prevenção diminuíram em meio à pandemia e que, devido a isso, houve retardo no diagnóstico de várias doenças em estágios iniciais. Agora, com o advento da vacina contra a covid-19 e da volta às atividades presenciais de vários serviços, é esperado que a busca por consultas preventivas também seja retomada.


“Para a endometriose, temos tratamentos com medicamentos à base de hormônios e o cirúrgico nos casos mais grandes, onde o medicamento não fez efeito. O uso de anti-inflamatórios e exercícios físicos sempre ajudam. Já as compressas, ajudam mais em casos de dismenorreia primária (cólica menstrual) nas adolescentes, por exemplo”, frisou a médica ao reforçar que a endometriose pode ser controlada e que a paciente pode conseguir bem-estar através do acompanhamento médico.

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