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Diabetes em crianças e adolescentes

Hábitos e alimentação saudáveis ajudam a prevenir diabetes tipo 2 e são essenciais para controlar o tipo 1


Por Mariana Lima - Algo Mais Consultoria e Assessoria


Juan Simon é estudante do ensino médio em Maceió, tem 17 anos e há 13 convive com o diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Esta modalidade é mais rara porque decorre da destruição das células pancreáticas por um processo imunológico - ao contrário do DM2, fruto da deficiência na produção natural de insulina pelo corpo - e descoberta, em geral, de forma mais traumática pelas famílias.

“Foi um baque, na verdade. Ele ficou internado dez dias no hospital, foi para a UTI e o quadro se agravou muito, quase entrando na cetoacidose, que é um quadro bastante grave do diabetes. Os médicos nos explicaram, resumidamente, que o Juan pegou um vírus e o corpo dele, no esforço de combater essa doença, afetou a produção da insulina, deixando-o diabético”, conta Simone Araújo, mãe de Juan.


A cetoacidose diabética ocorre quando a glicemia aumenta muito, desidratando o paciente e causando dor abdominal e vômitos, por exemplo. As crianças vão ao hospital para lidar com esses sintomas e, nos exames detalhados para identificar a causa, descobrem a DM1. Um quadro que impressiona ainda mais quando se tem em mente um garotinho de 4 anos.


“Foi muito difícil a princípio, muita luta. Tivemos que abrir mão de muita coisa por uns dois anos até o Juan se adaptar, mas por ser uma criança, muito novinho, a reeducação alimentar dele foi mais fácil. Difícil foi para nós, os pais”, relembra Simone.


De fato, eles tiveram que adaptar a alimentação de toda a família para que Juan não se sentisse excluído ou constrangido de alguma forma. Abriram mão de fazer ou receber algumas visitas familiares até que mãe e filho aprendessem mais sobre o que ele podia ou não comer. “Nas festinhas infantis, eu fazia o pratinho dele de acordo com a quantidade de carboidratos e ele entendia que não podia comer muito, e ainda fazia a medição da glicose direitinho”, completa.


“Diabetes comum”


Juan não tem a chamada diabetes comum, que é a diabetes mellitus tipo 2 (DM2), prevalente em 90% dos pacientes adultos no mundo e que vem crescendo entre os adolescentes e jovens adultos devido ao sedentarismo e maus hábitos alimentares. Este tipo de diabetes tem desenvolvimento mais lento, tanto que pode ser revertida se o quadro pré-diabético for identificado nos exames regulares de saúde.


De acordo com as sociedades Brasileira e Americana de Diabetes, a aferição de glicemia nas crianças pode começar aos 10 anos de idade ou no início da puberdade (“o que vier primeiro”, segundo os especialistas). Devem ser rastreadas as crianças com sobrepeso/obesidade e mais um fator de risco para diabetes, como histórico familiar de DM2, histórico de diabetes materno durante a gestação, hipertensão arterial e dislipidemia, entre outros itens.


“As doenças crônicas do adulto, como diabetes, obesidade e hipertensão, têm início na infância, através dos hábitos de vida adquiridos. É justamente em idades precoces que construímos atitudes que vamos repetir pelo resto da vida. Uma criança que não ingere frutas e verduras e nem se exercita dificilmente irá virar um adulto que tenha esses hábitos”, orienta a médica Edoarda Vasco de Albuquerque, doutora em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL).


Para mudar este quadro, é essencial o envolvimento dos cuidadores - pais, familiares e agregados - no incentivo a um estilo de vida saudável e respeito a eventuais restrições alimentares. Neste ponto, é importante falar com a escola e os amigos da criança, se for necessário.


“Juan sempre foi um menino muito consciente, mas passamos uma fase muito difícil entre os 11 e 14 anos, porque ele queria comer alguma coisa com os amigos e não podia, uns colegas não entendiam o que ele tinha e zoavam que ele não podia comer isso ou aquilo. Outros ainda ficavam impressionados ou rindo quando ele precisava medir a glicemia e precisei ter paciência, conversar muito com ele sobre isso”, pondera Simone Araújo.


Um esforço de conscientização que a endocrinologista Edoarda Vasco recomenda. “Falar de prevenção em saúde na sua forma mais importante é incentivar crianças e adolescentes a terem um estilo de vida saudável desde cedo, a fim de diminuir doenças crônicas não transmissíveis, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e até mesmo câncer”.


E um movimento que o próprio Juan Simon não entende porque precisa ser tão repetido para que as pessoas - de todas as idades - adotem. “Alguns amigos já me perguntaram o que eu posso comer, mas quando eu explico eles ficam rindo e fazendo brincadeira. Eles não levam a sério essa questão de comer direito e fazer exercícios para não desenvolver alguma coisa no futuro, não sabem que é quase um privilégio que têm”, destaca o jovem.

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