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Gaslighting: como identificar?

Segundo psicóloga, o gaslighting é sutil, de difícil identificação, mas que pode causar diversas psicoenfermidades


Por Carol Amorim - Algo Mais Consultoria e Assessoria


A violência está presente em nossa sociedade, mas nem sempre de formas explícitas, como é o caso do gaslighting – termo de origem inglesa que significa manipulação. Segundo a psicóloga e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), Renata Laureano, o gaslighting não costuma ser facilmente identificado, já que começa a ser praticado de forma sutil, mas que, com o tempo, essa forma de violência pode causar diversas psicoenfermidades nas vítimas, como a depressão e ansiedade.


O termo gaslighting foi inspirado no filme de mesmo nome, lançado em 1944. Na trama, um homem tenta manipular a esposa e todos em volta do casal para que acreditem que ela está “louca”. As manipulações são motivadas para que ele consiga a fortuna da esposa. Porém, o gaslighting, pode ter diversas motivações, entre elas para obter e/ou manter a sensação de poder dentro de um relacionamento.


Há quase 10 anos, Marina (nome fictício para preservar a identidade da vítima), 26, viveu um relacionamento abusivo. Ela conta que o relacionamento durou 10 meses e que no início o namorado era carinhoso, um "príncipe encantado”. Com o tempo, crises de ciúmes surgiram, além de chantagens emocionais, a exemplo de uma ameaça de suicídio.


“Meu namorado dizia que eu estava louca quando eu apontava que ele estava exagerando no ciúmes. Ele me proibia de falar com amigos homens e até descobriu a senha de uma rede social que eu usava na época. Teve um dia que ele estava extremamente frustrado e disse que ia se jogar de um prédio e que deixaria uma carta para mim. Fiquei apavorada. Comecei a relação feliz e terminei amedrontada”, revela.


A jovem também disse que, na época, não tinha conhecimento sobre relações abusivas e que só descobriu que vivenciou uma com o passar do tempo.


“Eu não lembro exatamente como eu me sentia nessas situações em que ele demonstrava esses comportamentos. Acho que de alguma forma, isso se apagou na minha mente. Mas após o término, quando ele terminou comigo, senti alivio”, complementa Marina.


Mulheres são mais suscetíveis a relações abusivas, afirma psicóloga


De acordo com a psicóloga Renata Laureano, as mulheres são mais suscetíveis a serem vítimas de relações abusivas devido ao modelo de sociedade em que estamos inseridos.


“Mulheres são as mais afetadas, especialmente por causa do machismo e patriarcado. Visto que muitas mulheres são vistas como loucas e histéricas quando questionam homens e querem romper barreiras e padrões do que a cultura institui como comportamentos destinados ao feminino. Mas, pode acontecer em qualquer relacionamento no qual um dos parceiros quer desestabilizar a saúde mental do outro”, aponta.


Ela ainda conta que o gaslighting pode ocorrer de forma paralela ou associada a outras formas de violência e que isso é mais comum do que apenas a prática do gaslighting. Como características do agressor que pratica a manipulação, a psicóloga elenca: mentir com frequência; fazer com que a parceria duvide de si; falar que a parceira tem um “gênio difícil” para parceiros e amigos; falar para a vítima se afastar de amigos e familiares; e fazer chantagem emocional.


“Algumas situações podem ser indicadores de que você está sofrendo uma violência, como por exemplo, ter medo de decidir algo sozinha, se sentir insegura o tempo todo, se sentir sempre ‘pisando em ovos’ com o parceiro, duvidar constantemente de si mesma e de como os fatos ocorreram, se sentir culpada o tempo inteiro, sentir que tem algo errado no relacionamento, mas não conseguir identificar com clareza esses sentimentos”, afirma.


A psicóloga ainda conta que, como consequência de uma relação abusiva, a vítima pode apresentar depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, dependência emocional e estresse pós-traumático.


Como sair de uma relação abusiva


Renata Laureano reforça que uma violência como o gaslighting não é fácil de identificar, por ser sutil e que, também por isso, as vítimas não devem se sentir culpadas. Além disso, a psicóloga garante que as vítimas de relações como essas podem ser amparadas e se sentirem seguras novamente.


“Caso você identifique uma vítima próxima, não se afaste, nunca a culpe e, por meio do apoio, incentive para que ela busque ajuda especializada. A terapia é importantíssima nesse processo. E caso você se identifique como vítima, saiba que não é fácil e não é sua culpa. Cerque-se de pessoas queridas e busque ajuda. Você será capaz de reconstruir a sua autoestima e fortalecer o seu amor-próprio”, enfatiza.


Para quem deseja buscar ajuda especializada, a Unit/AL disponibiliza o Centro de Psicologia Aplicada, no próprio Campus Amélia Maria Uchôa, em Cruz das Almas, que realiza atendimentos psicoterápicos gratuitos à população das 8h às 22h. Para mais informações, basta ligar para o número (82) 3311-3139.


E para casos de emergência, a vítima ou alguém que presencie a situação de violência pode pedir ajuda através do contato 190 da Polícia Militar ou ligar para a Central de Atendimento à Mulher, no número 180.

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