Segundo estudos, 50,7% dos empreendedores brasileiros afirmaram ter desenvolvido sintomas de ansiedade durante a vida
Por Carol Amorim - Algo Mais Consultoria e Assessoria
Para quem empreende, os altos e baixos de um negócio podem afetar a saúde mental do gestor e até mesmo, a saúde dos funcionários e do próprio empreendimento, ao depender de como os desafios serão conduzidos. Segundo pesquisa realizada pela Inc., com 1,5 mil líderes de companhias americanas, 36% desenvolveram ansiedade ao se tornarem líderes, 9% relataram depressão e 3% atribuíram a função a causa ou piora no uso de substâncias. Esses dados reforçam que o bem-estar deve ser priorizado nesses ambientes. Por isso, o empresário, palestrante e consultor de gestão Fabiano Azevedo, compartilha dicas de mudanças estruturais dentro do ambiente de trabalho que contribuirão com o bem-estar coletivo.
A realidade do Brasil não é muito diferente, segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a aceleradora Troposlab. Em estudo que analisou os empreendedores durante a pandemia, foi apontado que, entre 50 milhões de empreendedores no país, cerca de 13,8% empreendedores já receberam, ao longo da vida, algum diagnóstico de depressão e 50,7% afirmaram o mesmo para ansiedade.
Ao longo dos seus mais de 15 anos de carreira, Fabiano já passou por muitos desafios em seus negócios e que também afetaram a sua saúde mental. E à medida que ele estudava e descobria meios para enfrentar os desafios, passou a documentar os métodos que contribuíram para a sua organização empresarial e, consequentemente, refletiram positivamente para a sua saúde mental.
“O comportamento de um líder influencia o comportamento da empresa como um todo. Um líder esgotado, sem saúde mental, com comportamentos que ferem o discurso da empresa que está declarado na cultura organizacional, vai desmotivar o time porque ele deixará de ser inspiracional, estará frágil, incoerente”, explica Fabiano ao contar que um líder tem um importante papel em proporcionar bem-estar a si mesmo e aos seus colaboradores.
Descentralizar o negócio
Segundo Fabiano, uma das mudanças que contribuirá para que o gestor não se sinta sobrecarregado é tornar a sua empresa autogerenciável. Para isso, ele aconselha que o gestor descentralize o negócio de forma consciente e com métodos eficazes, para que o processo se torne seguro.
“Para descentralizar de forma eficiente é importante que o empreendedor crie processos, documentos, esses passos, as regras, para que as pessoas certas, que ele atraiu para o negócio, deem continuidade na operação. Com essa estratégia, ele irá direcionar a energia dele para demandas que farão a empresa dele crescer, sem estar sobrecarregado”, afirma.
Atrair pessoas que se identificam com a empresa
Outra dica do consultor e que também foi aplicada em seus negócios, se trata da estruturação da cultura organizacional de uma empresa. Ao identificar quais são as regras e os valores de um negócio e documentá-los por meio de um código de ética, será possível visualizar o perfil de colaboradores que irão se adequar ao negócio. Além disso, quem se identificar com as regras, naturalmente será atraído para aquele empreendimento.
“É importante conhecer o colaborador para exigir dele o que ele tem habilidade para entregar. Entender que todos são diferentes e que essa complementaridade é rica. E ter dados para avaliar racionalmente as demandas de todos, evitando sobrecarga. Dessa forma, a saúde mental da equipe também passa a ser valorizada no ambiente de trabalho”, conta.
Ser aberto a ideias
Ainda de acordo com Fabiano, nos casos de crise, um líder deve estar aberto para unir forças com o time, para que, juntos, uma solução possa ser encontrada. Para o consultor, nesse momento, o líder deve ser realista mas também estimular o time através de compreensão e união.
“Também é importante que esse gestor evite ao máximo comparar o bastidor da empresa com o palco da empresa concorrente. O ideal é que os esforços com a própria empresa sejam o foco”, salienta.
Por fim, Fabiano reforça que, para executar bem a função de liderança e com o bem-estar em dia, o gestor deve investir no próprio descanso, em períodos de férias, em sua rede de apoio e nos cuidados com a saúde física e mental. Para que assim, não só a empresa, como de todo o ambiente que ele trafega, proporcione bem-estar.
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